A Polícia Federal investiga um contrato firmado pela Prefeitura de Coelho Neto, município localizado no Leste Maranhense, na região dos Cocais, durante a primeira gestão do prefeito Bruno Silva (PP).
No acordo, celebrado com a Secretaria Municipal de Educação em 2022, a empresa Guedes Construções se comprometeu a executar serviços de engenharia para reforma e/ou manutenção de escolas da rede pública do município.
Do valor global de R$ 3 milhões do contrato, segundo dados do Portal da Transparência, foram repassados quase R$ 2,6 milhões à empreiteira, fragmentados em 16 pagamentos.
Sigiloso, o inquérito foi instaurado pela PF em 2023, cerca de um ano após a contratação, e se concentra na aplicação de recursos do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação).
Desde 2021 o município de Coelho Neto é comandado por Bruno Silva, reeleito no ano passado. Já a empreiteira, registrada com endereço no Morada do Sol, bairro em Teresina (PI), tem como sócio-administrador Ícaro Guedes Alcoforado Costa.
O blog questionou a gestão municipal sobre a regularidade da execução dos serviços contratados e pagos à Guedes Construções e existência de documentação que comprove a realização desses serviços, com indicação de como poderia ser acessada. Não houve resposta.
Em dezembro de 2023, a Guedes Construções e Ícaro Guedes foram alvo da Operação Creta, da própria PF, em investigação sobre crimes de fraudes a licitações, desvio de recursos, corrupção e lavagem de dinheiro.
O esquema, segundo apuração iniciada pela CGU (Controladoria-Geral da União), usava empresas de fachada para subtrair recursos públicos federais destinados a municípios piauienses por meio de emendas parlamentares.
Na operação, os agentes federais cumpriram mandados judiciais de busca e apreensão. Também foi decretado contra a empreiteira e Ícaro Guedes o bloqueio e sequestro de bens, no valor de pouco mais de R$ 1,4 milhão, de cada.
À reportagem, Ícaro Guedes disse por e-mail que o objeto do contrato foi completamente executado, mas sem detalhar ao qual se referia, se ao firmado com a gestão Bruno Silva em Coelho Neto ou ao contrato investigado no bojo da Operação Creta.
Ainda segundo o empresário, o MPF (Ministério Público Federal) recebeu todas as informações e documentos a respeito do contrato citado, “deixando claro não haver nenhuma irregularidade no mesmo”. Apesar do retorno, ele não deu acesso à documentação, conforme afirmou que faria.