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domingo, 19 de janeiro de 2025

Ao pregar a unidade Governador Brandão sinaliza que vai disputar vaga no Senado e deve abrir espaço para Felipe Camarão disputar o Governo.

 


O recente movimento do governador Carlos Brandão (PSB) na direção da conciliação na base governista, pregando a unidade na aliança que político-partidária que dá suporte ao seu Governo, mudou fortemente o rumo para o qual estavam sendo direcionadas as forças governistas em relação às eleições gerais de 2026. A manifestação do governador, feita num discurso informal dirigido à cúpula da Federação dos Municípios do Maranhão (Famem), na noite do dia 15/01, no Palácio dos Leões, deu nova forma ao contexto em que se darão as grandes disputas das próximas eleições, em especial à corrida ao Senado, com claro indicativo de que ele concorrerá a uma das vagas. Isso porque nada indica que, com a experiência política que tem, ele venha a cometer o erro de permanecer no Governo até o último dia do seu mandato.


Esse novo formato muda radicalmente a tendência segundo a qual a disputa para as duas cadeiras na Câmara Alta terá o governador Carlos Brandão como candidato, completando o quadro de pré-candidatos, que já vinha contando com os senadores Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (PSD) e o ministro André Fufuca (PP). Vale registrar que no ambiente oposicionista até agora não há nomes se movimentando para a disputa senatorial, já que os mais destacados, Roberto Rocha (sem partido) e Lahesio Bonfim (Novo), só têm olhos para o Palácio dos Leões.


A unidade pregada pelo governador significa basicamente trazer de volta à aliança e à base governista os aliados divergentes ligados ao ex-senador e atual ministro do Supremo Flávio Dino, filiados ao PSB e ao PCdoB, que, por uma série de fatores não muito relevantes, se posicionaram como “aliados críticos”, fazendo o papel de uma oposição incômoda. Esse grupo não inclui, claro, o deputado Othelino Neto (Solidariedade), quem decidiu fazer uma oposição dura e agressiva ao governador Carlos Brandão, causando um rompimento sem qualquer possibilidade de recomposição, pelo menos por enquanto.


Uma pesquisa recente, feita sem que o governador tivesse admitido ser candidato a senador, mostrou que, se a eleição fosse agora, e a disputa se desse entre os quatro, Carlos Brandão seria eleito para uma cadeira e o senador Werverton Rocha se reelegeria. Mesmo considerando o fato de que tem ainda 14 meses para decidir se sai para encarar as urnas ou se fica no Governo, Carlos Brandão parece ter feito as contas e chegado à conclusão de que esta é a hora de começar as dar forma ao cenário da disputa, definindo o quadro de pré-candidaturas ao Governo do Estado e ao Senado, que pelas regras informais da política abrem caminho para a definição das candidaturas proporcionais.


A lógica da política sugere que a unidade pregada pelo governador Carlos Brandão leva naturalmente à composição de uma chapa que tenha o vice-governador Felipe Camarão (PT) como candidato a governador e ele como candidato ao Senado, repetindo a fórmula que o levou ao Palácio dos Leões e Flávio Dino ao Senado. O dado a ser acrescentado nessa equação é que a candidatura de Felipe Camarão ao Governo agrada ao Palácio do Planalto, que tem esse projeto na lista das suas prioridades para 2026, independentemente de o presidente ser ou não candidato à reeleição.


Mesmo considerando que a política tem elevado grau de imprevisibilidade e que também cultiva caprichos que podem mudar o que parece definido, a unidade pregada pelo governador Carlos Brandão faz todo sentido. E, ao contrário do que alguns tentam desenhar, não se trata de uma “rendição” ou coisa parecida. Pragmático, o governador fez cálculos, mediu o cenário, avaliou o jogo no tabuleiro político e entendeu que a unidade é o melhor caminho. Afinal, tem lastro político na maioria dos prefeitos, a começar por pesos pesados como Rildo Amaral (Imperatriz), Rafael Brito (Timon), Gentil Neto (Caxias), Roberto Costa (Bacabal), Fred Campos (Paço do Lumiar), Alan da Marrisol (Balsas), Rigo Teles (Barra do Corda), Edimilson Vaqueiro (Coroatá) e Vinícius Vale (Barreirinhas), para citar alguns exemplos. Tem, portanto, peso no jogo eleitoral e dificilmente deixará de ir para o Senado se sair candidato, como parece estar decidindo.


Falta agora reconstruir a unidade que em boa hora voltou a pregar.

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