O repórter em Brasília do Jornal Folha de São Paulo, Vinicius Sassine, foi expulso aos gritos por Willer Tomaz de Souza do escritório do advogado nesta segunda-feira (20).
Tudo aconteceu quando o jornalista entrevistava Tomaz acerca do aluguel de uma mansão no Lago Sul comprada em outubro de 2020 pelo advogado por R$ 4,55 milhões e agora alugada por R$ 15 mil ao ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP) por meio de uma empresa de venda de motos no Piauí, a CN Motos.
As consultas nos sistemas do STF (Supremo Tribunal Federal) e do STJ mostram que ele advogou diretamente para o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), deputado Hiran Gonçalves (PP-RR), deputado Sergio Vidigal (PDT-ES) e senador Weverton Rocha (PDT-MA).
Willer é amigo de Flávio Bolsonaro e se coloca como uma espécie de conselheiro jurídico do senador. Sobre a amizade com Ciro, o advogado afirmou: “O ministro é um senador muito conhecido em Brasília e desconheço métrica objetiva para medir níveis de amizade”.
Segundo ele, o aluguel de R$ 15 mil está dentro dos valores de mercado, e houve um desconto de R$ 3 mil – o valor inicial era R$ 18 mil. Não há ilegalidade no uso de uma empresa pelo ministro para alugar o imóvel, segundo o dono da casa. Willer disse ser amigo de políticos, como o presidente da Câmara, da mesma maneira que é amigo de mecânicos, por exemplo.
Quando o repórter pediu para o advogado enumerar seus amigos na política, ele se exaltou. Levantou-se, começou a gritar e a chamar o repórter de “moleque”. Aos berros, pediu para o repórter deixar o escritório, onde apresentou o contrato de aluguel no último dia 17. “Publica e eu te coloco na cadeia”, disse.